MATANDO A SAUDADE
MATANDO A SAUDADE
vou matando esta ânsia louca que me atormenta,
ao bom sentido vou treinando o coração,
vou dizendo que é só mentira, é só ilusão,
que já passou; joguei no lixo este momento.
mas a saudade em mim repete o seu refrão:
este veneno é muito forte e mata lento;
sangrando o peito, rebenta a alma este tormento,
fere meus olhos, me deixando sem visão.
a cabeça está uma casa de marimbondo;
face lívida qual se fora um moribundo;
o peito arfante num magoado estertor.
o quase coma, esta múltipla falência
é por ti, que sem piedade e sem clemência,
me abandonas, assim negando-me o teu amor.
Afonso Martini
180511