BUSCA INCESSANTE
BUSCA INCESSANTE
Quando o sol se reclina, cansado, em seu leito,
é bela sua última luz, tão flamante,
lembro de ti, tua aura que vejo mui distante,
que me gera saudades doridas no peito.
O sol, sei, desponta n’outro dia, brilhante,
cumpre sua saga, com seu calor e efeito,
mas tu, meu amor, sequer dás-me o divo direito
do olor dos teus cabelos, doce e meiga amante.
É triste a vida nesta sublime agonia,
sem viver o amor que acordaste em mim um dia;
em sonhos procuro nos vales e entre montes.
Minha alma exulta, porém, se a busca descarta;
quando farejo o odor do teu corpo em noite alta,
ou te encontro no canto da água das fontes.
Afonso Martini
170511