SONETO À SUBLIMAÇÃO

Na côncava alcova do catre em rebuliço

O fogaréu lhe lambia o ventre em veredas,

Abrasou o aceiro que se postava enguiço

E na vertente se aninhou em labaredas.

Sugava da fonte pelo xilema viço,

Os néctares das elegias mais supremas,

Via-se o doce derramar nos seus floemas

Do ardente desejo que se fazia omisso.

Navegou ondas com o leme em desaprumo,

Entre conchas atirou o seu arpoador

Âncora fosse do seu barco já sem rumo.

Um longo silêncio fez calar a parede,

A plenitude rescaldou todo o fulgor,

Nascera a fonte pra matar a sua sede.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 11/05/2011
Reeditado em 14/05/2011
Código do texto: T2963606