POÉTICA SEM ALMA

POÉTICA SEM ALMA

Abriu falência a poética... a pobritude,

deixou sem armas minha pobre alma falida.

São almas de outros corpos que à vida dão vida;

o azul do meu céu cobriu-se de negritude.

Foi remando a nau num mar vasto e empobrecido,

que bati no mar o meu remo enquanto pude.

Corrente contrária de força lesa e rude;

verve algemada ao fundo do mar é descida.

Em prantos, a máquina, luta corajosa,

contra o dano letal do vírus pegajoso

que, porquanto tem vida, estagna a poesia.

E o pranto só cessa com radical mudança

do oásis que o tem no leito de leda bonança

que faz com que o poeta bons versos não cria.

Afonso Martini

100511

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 10/05/2011
Código do texto: T2962107
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