SONETO CONCRETO
SONETO CONCRETO
Cresceu sem ser vista porque nasceu invisível
a jovem do sobrado, em plena juventude,
foi mal amada, embora a meiga pulcritude;
sem amor, na lida e estudo, busca o impossível.
Assim sendo o ardor a que seu projeto alude,
marcou o abandono de si mesma mais incrível,
a um triste esfriar de coração infalível;
reverso do terra-a-terra, por mais que mude.
O narcisismo femíneo já não existe;
ao estudo e à lida doou sua vida triste,
plantou amor num coração puro e colheu dor.
Aos olhos da arte vê-se a bela adormecida.
Resolve-te, mulher, nesta etapa da vida,
planta um novo coração pra colher amor.
Afonso Martini
090511