QUEDA

Lamento que a vida prossiga tão rude

e deixe comigo este modo descrente;

costumo estranhar o que vem de repente

tal qual uma praga, a crescer amiúde.

Nem toda mentira esconde o que mente,

— na hesitação não se alcança atitude.

Talvez o futuro supere o presente

e apague o passado. Decerto eu não pude!

É belo explorar a perfeita leveza,

mas essa é uma fuga; viver sempre dói,

porém essa dor não descreve, a poesia.

Verter a palavra é normal, alivia

a eterna acidez, que destrói esse herói,

da luta sem causa, da voz indefesa.

nilzaazzi.blogspot.com.br