QUEDA
Lamento que a vida prossiga tão rude
e deixe comigo este modo descrente;
costumo estranhar o que vem de repente
tal qual uma praga, a crescer amiúde.
Nem toda mentira esconde o que mente,
— na hesitação não se alcança atitude.
Talvez o futuro supere o presente
e apague o passado. Decerto eu não pude!
É belo explorar a perfeita leveza,
mas essa é uma fuga; viver sempre dói,
porém essa dor não descreve, a poesia.
Verter a palavra é normal, alivia
a eterna acidez, que destrói esse herói,
da luta sem causa, da voz indefesa.
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