CONFISSÃO

Sou poeta, desses que se escondem,

cercado de porções, provetas, alfarrábios;

a todo instante o tempo vai tecendo

cada um dos sulcos dos meus lábios.

Eis que trago em cada movimento

um cântaro enchido de ofertório.

Sou poeta, amigo, sou poeta,

desses poetas de laboratório.

Porém, meu supercílio esquerdo

é testemunha dessas inventices;

as fórmulas estão engavetadas

não acreditem em nada do que eu disse...

meu verso recém-feito se espreguiça

nas minhas longas mãos ensangüentadas.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 30/06/2005
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