CONFISSÃO
Sou poeta, desses que se escondem,
cercado de porções, provetas, alfarrábios;
a todo instante o tempo vai tecendo
cada um dos sulcos dos meus lábios.
Eis que trago em cada movimento
um cântaro enchido de ofertório.
Sou poeta, amigo, sou poeta,
desses poetas de laboratório.
Porém, meu supercílio esquerdo
é testemunha dessas inventices;
as fórmulas estão engavetadas
não acreditem em nada do que eu disse...
meu verso recém-feito se espreguiça
nas minhas longas mãos ensangüentadas.