MONÓLOGO MENTAL

MONÓLOGO MENTAL

com as chagas sempre abertas em minha mente,

dói amaro pranto de corpo e alma e coração,

qual se um câncer fizera em mim o seu plantão.

mísera vida, vegetada tão somente.

eis que recheias, vida minha, a multidão,

à caravana se mistura mesmo ausente;

do social somente és mais um ingrediente;

és semente que germina em ti a solidão.

brilham olhos como vestidos só de seda

estando só desde o tempo da infância leda;

foste esquecido no porão do teu fadário.

cadavérica está tua alma e sem carinho,

caminha tão só entre os demais no acre caminho.

não teve data para amar no calendário.

Afonso Martini

060511

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 06/05/2011
Código do texto: T2953846
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