A RENDIÇÃO

Deposita nas tumbas do destino

suas flores sem viço, quase mortas.

Preso à lápide fria, escuta o sino

que anuncia o fechar de suas portas.

Oh! Vergastam seu frágil corpo e o tino,

furam metas, cravando setas tortas!

E se rende e se entrega em desatino...

Tantos talhos! Ó dor, por que o recortas?

Mutilado, a arrastar-se nas descrenças,

regurgita o amargor das desavenças.

Laivam a alma, as feridas necrosadas.

Já nem chora, inexiste quem console.

Bebe o pranto salobre, gole a gole.

Cospe a vida, em sangrias desvairadas.