AUTORRETATO
A juventude passou, foi embora;
maturidade chegou. Mas que bom!
Toda experiência nos cobra penhora,
saber viver, — agradeço esse dom.
Nunca serei uma velha senhora,
o tal chapéu preto, o xale marrom...
Imposições não me valem agora:
— São minhas vestes! — Escolho seu tom.
Mas não serei uma falsa sereia,
a esconder de mim mesma a verdade.
De veleidade esta vida está cheia!
Uma certeza apenas me invade:
A poesia me corre nas veias,
— Hoje melhor do que em tenra idade.
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