ÚLTIMO SONETO

Última estrofe, último soneto.
Áspero riso pálido de espanto
Íntimo beijo úmido de pranto,
N'último verso fecha-se o quarteto.

Última rima n'último terceto
Árido som funesto neste canto
Ácido vinho mata-me num tanto
N'última taça solve-se o cloreto.

Cálida face morre-me primeiro,
Cético amor despiu-se enfim de tudo
N’último sopro d'alma só, quieta.


Cala-se a vida, e o verso derradeiro
Queda-se inerte, insólito e mudo.
Fica o soneto e vai-se este poeta.

 


LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 27/04/2011
Reeditado em 24/11/2012
Código do texto: T2935334
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