Inexplicação
Pobre flor, murcha, já não cheira mais,
vencida pela terra esturricada.
O homem fecha a trava dos portais
da lágrima que já não é mais derramada.
Os corpos espalhados pelo chão
anuncia que mais um morto é vivo
e em meio a total devastação
uma mão se estende em lenitivo.
Resta juntar os cacos repartidos
e retomar os sonhos esquecidos
como último ato de expiação.
Na pequena capela os sinos repicam
e as palavras frias já não explicam
os joelhos que se dobram em oração.
Soneto publicado no livro "Horas Verdes" - 2009