INFIEL
Se mente o coração que amar intenta
que esperar, pois, da boca que amor jura?
se a verdade o sentir não alimenta
será nos lábios a palavra pura?
Ames, contudo, que este amor te isenta
da culpa desse amar, dessa loucura.
Pois por amar, à dor se não atenta
a alma pequena e cheia de ventura.
Ri ou chora se houver riso ou pranto.
Pois tanto pode um coração infido
a um nobre amor retribuir encanto,
Ao mesmo instante que, se envaidecido,
oferecer a dor em vez do acalanto,
pois que seu amor será sempre fingido.