INFIEL

Se mente o coração que amar intenta

que esperar, pois, da boca que amor jura?

se a verdade o sentir não alimenta

será nos lábios a palavra pura?

Ames, contudo, que este amor te isenta

da culpa desse amar, dessa loucura.

Pois por amar, à dor se não atenta

a alma pequena e cheia de ventura.

Ri ou chora se houver riso ou pranto.

Pois tanto pode um coração infido

a um nobre amor retribuir encanto,

Ao mesmo instante que, se envaidecido,

oferecer a dor em vez do acalanto,

pois que seu amor será sempre fingido.

Abnel Silva
Enviado por Abnel Silva em 26/04/2011
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