CIRCUNCISO
Flor mutilada, d’um botão conciso,
Aberto às águas puras do meu rio,
Jorrando em mim, ardente ou em calafrio,
Entre um espinho e um desejo indeciso.
És flor que no prepúcio circunciso
Rompes da carne pura como um lírio
A rósea glande em pingos de delírio,
Perdendo o espelho o encanto de Narciso.
Despetalada flor, pedra em que piso
O verde chão floriu o botão rosado
E o roseiral da infância já não vejo.
Só vejo a rosa e a vida não diviso
Entre a pureza d’um anjo e este pecado
Aberto à flor que se abre ao meu desejo.
Obs.> Não sou circuncidado.
Isto é poesia.
.
Flor mutilada, d’um botão conciso,
Aberto às águas puras do meu rio,
Jorrando em mim, ardente ou em calafrio,
Entre um espinho e um desejo indeciso.
És flor que no prepúcio circunciso
Rompes da carne pura como um lírio
A rósea glande em pingos de delírio,
Perdendo o espelho o encanto de Narciso.
Despetalada flor, pedra em que piso
O verde chão floriu o botão rosado
E o roseiral da infância já não vejo.
Só vejo a rosa e a vida não diviso
Entre a pureza d’um anjo e este pecado
Aberto à flor que se abre ao meu desejo.
Obs.> Não sou circuncidado.
Isto é poesia.
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