PÁSCOA DE SOLITUDE

PÁSCOA DA SOLITUDE

Se ouço, onde não há aves, doce pipilar de hinos;;

se onde há só areia e sal, da flor nasce o perfume;

porquanto o escuro me cerque, há intenso lume,

é porque pressinto os encantos femininos.

Quando em plena guerra há do carinho o costume,

mas, se a solidão devora e não tenho mimos,

sinto na paz a guerra e os ataques ferinos

da dor do abandono e de vazios inchumes.

A solitude é acre qual um câncer imundo,

mata de pouco em pouco... e a dor é tão profunda

que faz ganas de ver-me defunto de vez.

Mas como só a Deus pertence o destino da vida,

A alma no eco silente se encolhe esquecida

... e o corpo sofre co’a homérica viuvez.

Afonso Martini

240411

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 24/04/2011
Reeditado em 24/04/2011
Código do texto: T2927797
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