CAMPARTILHAMENTO
COMPARTILHAMENTO
É brutal desalento pra vida terrena
Só... na roça ele planta, na roça ele colhe,
Se a cada enxadada sua alma se encolhe
E se perde em caminhos distantes da arena.
Permite-se que em dias de festa desfolhe
da caravana de amigos as falas amenas
quando as luzes do tempo lhe ferem dilemas
co’o nada compartilha sua alma... e se encolhe.
No poema o amor extravasa – nostalgia
É a verve da acidez que seu peito asfixia,
A alma claudica, se morre, em turvo caminho.
A solituide amarga, em meio à turba andante,
Não compartilha – viver é arte itinerante,
A alma inunda o nada se lhe falta carinho.
Afonso Martini
200411