DUENDES
- Eu tenho a morbidez de toda a humanidade,
Já cometi milhões de crimes sem castigo.
De desastres fui causa, e por fatalidade,
Eu sou, no mundo inteiro, o grito do inimigo.
- Exercitei ações de bem, de caridade,
Do catre pobre e humilde, entrando no postigo,
Milhões, bilhões, trilhões do que é felicidade
Deixo em cada visita. A voz eu sou do amigo.
- O espírito do mal, em ser eu me comprazo.
Se ríspido me fala alguém, eu lhe revido
Brandindo-lhe, de pronto, a mão no pé do ouvido.
- O espírito do bem eu sou, nunca me atraso,
Se alguém me bate à face ou mostra-me o descaso,
Com meu terno carinho, alegre, comovido...