O Verdadeiro
Padeço d'uma praga sem remédio,
Pois que, co'afinco, fiz-me diferente
De todo esse povo, toda essa gente
Que escarra na verdade e morre em tédio!
Fui alvo intocável; cume do assédio,
Posto que agredi, violentamente,
Todos que pregaram à própria mente
Fezes da mentira! Meu dedo médio!
Não confundam-me co'alma de vocês!
Galhofam demais! É minha vez!
Aquietem-se e ouçam com cuidado:
Se olharem-me nos olhos, verão
Fugir da minha vista o perdão,
E a força do meu ódio acorrentado!