O Verdadeiro

Padeço d'uma praga sem remédio,

Pois que, co'afinco, fiz-me diferente

De todo esse povo, toda essa gente

Que escarra na verdade e morre em tédio!

Fui alvo intocável; cume do assédio,

Posto que agredi, violentamente,

Todos que pregaram à própria mente

Fezes da mentira! Meu dedo médio!

Não confundam-me co'alma de vocês!

Galhofam demais! É minha vez!

Aquietem-se e ouçam com cuidado:

Se olharem-me nos olhos, verão

Fugir da minha vista o perdão,

E a força do meu ódio acorrentado!

Preto
Enviado por Preto em 19/04/2011
Código do texto: T2918935
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