DEGOLA
Que mundo é esse, em que se mata por um nada,
arrancam braços, pernas, pênis, crânios, dentes!
Esquartejado, um corpo à beira de uma estrada,
não suportaram seus valores diferentes...
Cruel viver, de ser insano, inferno ardente,
de tantas iras, tantas sortes condenadas,
exposto cancro em dor, rotina de um doente,
sob estilhaços de emoções dilaceradas.
Minha esperança mingua, sangra, presa aos fatos,
tentando usar as armas, parcos aparatos,
enfim, desiste e cai no horror do que eu já vi.
E vago seco, ao gosto bruto de amargores
da tinta roxa derramada em minhas flores,
na lamentável sensação de que morri.