INCERTEZAS...
INCERTEZAS
no diáfano lago escuro do teu olhar
vejo-me de corpo inteiro quando nos lemos
doces carícias de luz falam de açucenas
e espalham na brisa o desejo de me amar.
se me omite, sou nauta à deriva sem remos,
sobre as ondas crespas do oceano sem luar;
sem bússola nem estrelas, em alto mar;
sem o calor vindo de terra firme, ao menos.
e este mar que balouça minha alma vazia,
fala de morte com sabor de terra fria;
fere com punhal de desalento e de dor.
quando essa aura mordaz da morte me alucina
infiltra-se no sangue e a certeza insemina,
foi, quiçá, amizade ou carência; não foi amor.
Afonso Martini
130411