INCERTEZAS...

INCERTEZAS

no diáfano lago escuro do teu olhar

vejo-me de corpo inteiro quando nos lemos

doces carícias de luz falam de açucenas

e espalham na brisa o desejo de me amar.

se me omite, sou nauta à deriva sem remos,

sobre as ondas crespas do oceano sem luar;

sem bússola nem estrelas, em alto mar;

sem o calor vindo de terra firme, ao menos.

e este mar que balouça minha alma vazia,

fala de morte com sabor de terra fria;

fere com punhal de desalento e de dor.

quando essa aura mordaz da morte me alucina

infiltra-se no sangue e a certeza insemina,

foi, quiçá, amizade ou carência; não foi amor.

Afonso Martini

130411

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 16/04/2011
Código do texto: T2911907
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