SENDA DE ESPINHOS
Caminhando pela relva verde orvalhada,
Pelo sereno que à noite para terra cedeu,
Em troca do calor que esta lhe forneceu,
Para aquecer a sua escuridão tão gelada.
Os pés descalços marcam sulcos fundos,
Na grama que à noite restou cristalizada,
Passeando ao raiar do dia na madrugada,
Como quem pisa em seu próprio mundo.
Tal qual a face da imprudência desmedida,
Arrefece todo ânimo do ermo caminhante,
Ao pisar nos espinhos de sua própria vida.
Todo o cuidado é pouco por esta variante,
De perspicaz enlevo que nos trás seduzida
Como se fora ela sua deslumbrada amante.