EMBLEMA
Voaste para longe... Assim vão as falenas
E nunca mais... Adeus, ó minha doce amiga.
Hoje, voltando o olhar àquela era antiga,
Manhãs de praia, riso e amor, almas serenas...
Estás dentro de mim. Uma saudade apenas,
Uma lembrança grata, uma caricia antiga,
Meu sonho irrealizado, estréia da cantiga.
Que eu aprendi na vida em fuga às minhas penas.
Ó lembrança constante... O primeiro poema,
O que escrevi e rasguei, foi feito para ti!
Eu soletrava então. Não sei como parti,
Nem mais por onde vim a este soneto emblema.
Sei, que ficaste em mim desde aquele poema
E és espiritual de coisas que escrevi.
Belém, 03-02-1962.