O ESPELHO E AS TAÇAS

A criatura no umbral de si mesma

que não ousa nem sabe o que protege

se o que está dentro, se ao outro fantasma

este que a olha e que a nada reage.

Medusa petrificada, o espelho

para sempre a olhá-la, em mudez mútua,

ambos suspensos no tempo, este velho

com a arca trancada, e nós na árdua

labuta inútil por achá-la, a chave

da arca, do Graal santo ... As taças

de todo prazer a mover o mundo.

Tu, meu amor, se o teu amor me enlaça,

sabes-me inteira, que a mim descongelas,

e em meu corpo conhece-te a ternura.

Na tarde de 10 de abril de 2011.