Frias Madrugadas
Silêncio da noite, açoite das frias madrugadas
Corpos desnudos a povoar espinhosos lençóis
Vidas emaranhadas em aspirais tal qual caracóis
Despojadas do amor amargam as dores caladas
Estático relógio, expectador do tempo e angústias
Passos ocos, fantasmas povoadores da tormenta
Surgem desafiadores das catacumbas esquecidas
Em busca das almas tristes, envoltas no desamor
Trevas instalam-se na noite devoradora de estrelas
Invadem toscas frestas úmidas no leito da donzela
Eternizando profundo sono nos braços de Morfeu
Velas insensíveis velam a imposição do adormecer
Diluindo as chamas do outrora interessante viver
Vidas perdidas buscando as almas para renascer
(Ana Stoppa)