PORCELANA (Às negras do Maranhão)

¨¨¨¨¨¨¨¨ reeditado ¨¨¨¨¨¨

Este soneto é para homenagear todas as negras descendentes de escravos do Maranhão. Mulheres fortes, valentes e belas.

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Cantinelas ouvi nas madrugadas,

Nas grutas das cafuas, nas senzalas,

Tanto gemer de dores, estampadas,

No canto d’uma escrava, magoada...

Doía-me sua voz de esquecimento,

Soando nas varandas sombreadas;

Um canto esmiuçado nas calçadas,

Pelos fundos da quinta, solto ao vento...

No seu canto, tão grave, ela chorava,

As saudades das sendas africanas;

O perfume da terra abençoada...

Dormi ouvindo o quanto ela cantava;

A voz vinda da alma maltratada,

Mas, firme, parecendo porcelana...

Aarão Filho.

São Luís-ma, 08/04/2011

Aarão Filho
Enviado por Aarão Filho em 08/04/2011
Reeditado em 08/04/2011
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