Insônia
Bem junto a mim, à noite, se me deito
Bruxas sombrias, como quem escarra,
Beijam-me a fronte - a pútrida bocarra -
E pousam como chumbo no meu peito.
Riem, quem sabe, enquanto me endireito
Ao torque irresistível das amarras
Que prendem-me tão firmes quanto garras
No abraço claustrofóbico do leito.
Porém, quando fugirem co'amargura,
Meus pesadelos, do sol resplandescente,
Pouco antes da alvorada que fulgura
Eu sei que ficarão perpetuamente
A espreitar-me em cada sombra escura
Até que a noite chegue novamente.