Insônia

Bem junto a mim, à noite, se me deito

Bruxas sombrias, como quem escarra,

Beijam-me a fronte - a pútrida bocarra -

E pousam como chumbo no meu peito.

Riem, quem sabe, enquanto me endireito

Ao torque irresistível das amarras

Que prendem-me tão firmes quanto garras

No abraço claustrofóbico do leito.

Porém, quando fugirem co'amargura,

Meus pesadelos, do sol resplandescente,

Pouco antes da alvorada que fulgura

Eu sei que ficarão perpetuamente

A espreitar-me em cada sombra escura

Até que a noite chegue novamente.

Henrique de Castro Silva Junior
Enviado por Henrique de Castro Silva Junior em 28/03/2011
Reeditado em 28/03/2011
Código do texto: T2874962
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