SUÍNA

E tu me olhas assim, raivosa e triste,
Mordendo-te ao mover-te em lamaçal
Suína adiposa, tens mente boçal
Enganas-te ao pensar que me feriste.

Fuçar-me queres com o focinho em riste
Lambuzar-me todinho, coisa e tal
E confundir-me assim com o animal
Que tu és. Como se perto, ‘inda que diste.

Eu é que te olho e vejo-te na lama
Emporcalhada em cio lamacento
A remoer tua índole em tuas tetas

Pois no chiqueiro em  que fizeste cama
Não me terás no lascivo momento
Que tu imaginas com tuas
mutretas
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Caríssimos leitores:
                                              A poesia, assim como a vida e a terra em que ela habita, está cercada de mares e rios, entre águas salgadas e doces. E aqui neste planeta nem a doçura de Jesus o livrou da amargura maior: "Deram-lhe de beber vinho misturado com fel" (Mt 27, 34) que Ele, mesmo santo, o rejeitou. Este soneto  é um cálice devolvido. E só quem mo deu merece bebê-lo.


LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 27/03/2011
Reeditado em 14/05/2011
Código do texto: T2874314
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