A ESPERA

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Vejo ao longe a poeira, entre o brilho

Do Sol que agora me ofusca a visão.

Quem é esse que célere, então,

Vem no encalço de um pobre andarilho?

Já se mostra chegando , já se avulta:

São cavaleiro e cavalo a galope,

Tendo ao fundo, com seu olho ciclope,

O Sol que agora sua face me oculta.

Mais e mais vem contra mim (Que veloz!).

Quero – inútil – ver do rosto o algoz

Contra essa luz que enrubesce o areal.

Ao chegar, eu bem sei, tudo se acaba,

E esperar esse que surge do Nada

Vai doer mais que seu golpe fatal.

Gerson Silvestre
Enviado por Gerson Silvestre em 26/03/2011
Reeditado em 29/11/2022
Código do texto: T2872022
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