ORGULHO
O perfume pede passagem e seu passo
lento fere o silêncio e pelo espaço
chega torcendo pescoços, a visão
hipnotizada na imagem, a paixão.
Mento erguido, olhar além-horizonte,
olhos sob sobrancelhas arqueadas, na fronte,
platibandas de desprezo, raios de friagem
aos infelizes, álgida deusa pede passagem.
Jaz agora nua, estendida, em laje fria,
mãos febris lavam a escultura vazia
da arrogância, o corpo céreo, sem vida.
Outros preparam a terra, tristonhos suspiram,
menos pela ausência, mais pelo que não possuíram.
Invejam os vermes, pela farta comida.