DELETAR A VIDA

DELETAR A VIDA

Deveria – mas não vou – deletar a vida;

Deus dá saúde; a natureza enruga a face

E a cronometria da idade é o desenlace,

Finda a validade, dispensa a despedida.

Eis aí criado o nosso supérfluo impasse

Da vida só se sente um terço aquecida

Da chama que queima, que arde, da alma fluída

O mundo social fez que o velho calasse.

O social resolve que é pura ironia;

que amor de idosos só existe na poesia;

promulga a cultura que idoso é dissabor.

Não sabe o jovem ainda que a idade é reforço;

soma experiência, embora lhe morda o torço;

Que a idade é adubo na terra da alma e do amor.

Afonso Martini

240311

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 24/03/2011
Reeditado em 25/03/2011
Código do texto: T2868765
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