MUSA MORENA
MUSA MORENA
Ó musa peregrina, em alabastro esculpida,
a corvejar carências tantas e energias.
Não procuras diálogo, só poesias,
Mórbidos tons deitados na palma da vida.
Plúmbeas nuvens medrosas circundam vazias,
carências várias de afeto, eu sei; a alma ferida.
Do fado te queixas, amiúde, esquecida
Quando a sina és tu mesma e a fez como querias.
A existência não é a mansa pomba da neve
e o amor é capítulo do livro das dores;
a incúria de instantes fez-se ventura breve.
Mas, ah! A vida é tão bela e tem outros sabores.
Um sopro humorado faz o fardo mais leve
nas fraldas do tempo, quiçá, novos amores.
Afonso Martini
170311