SORTE

Vejo-te linda! Ah... esse teu claro cabelo,

com borboletas que, sobre ele, pousam, leve,

pingando cores, tom azul, condões, desvelo,

que se esvoaça pelo vento calmo, breve.

O menear do braço teu goteja estrelas

grassando brilhos intensíssimos nos ares

e teus sorrisos sempre atentos a absorvê-las

para em seguida, libertá-las nos olhares.

Tu, venturosa, voas como se águia fosses,

já bem distante, exibes nua maravilha,

tento alcançar-te os beijos que flutuam, doces,

por tua boca e foges, brincas de armadilha.

Hei de agarrar-te um dia, airoso, heroico e forte

e não deixar-te mais, ó rara, amada sorte!