Relíquias

Tanta coisa que amei, e conservei comigo,

vai um dia acabar sem destino e sem dono

como se fosse resto de algum tempo antigo

relegado a um canto, em total abandono.

Quem irá, como eu, se prender ao passado,

a papéis, livros, discos e velhos retratos?

As coisas que um velho olha, emocionado,

para os outros são só cacarecos baratos.

Por mais que eu saiba disso, não consigo

desfazer-me de uma só dessas lembranças

que representam o que fui e o que já tive,

como as do tempo que sonhei feliz contigo

e outras que marcam o fim das esperanças

do amor que neste velho coração ainda vive.

Amaury Nicolini
Enviado por Amaury Nicolini em 22/03/2011
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