A Musa
Em densas nuvens de mistério envolta,
tendo nos olhos o brilho dos vitrais
capaz de incendiar de fé mil catedrais,
entre diáfanos véus vem leve e solta.
Vem trazendo obediente e sob escolta
o Estro que inspira santos e poetas
e desvenda as promessas mais secretas,
na mistura do perdão e da revolta.
Reside no Olimpo da poligamia,
e sabe os meandros da cartomancia;
ouve e advinha os desvãos da alma humana.
Vem-se insinuando tal uma cigana
e é concupiscentemente leviana:
É Érato, a lasciva musa da poesia.