BARROCO

Imerso em seu fazer, o escultor

Trabalha com denodo, enforma argila,

Erige estátua em barro e nela asila

O outro ser, sem vida, sem calor.

Do barro de que é feito (e que o avila)

Faz cópia, semelhante em forma e cor,

Que em dura consistência quer se opor

Ao tempo em que a matriz já se aniquila.

Reage, assim, o homem à dura sina

De retornar ao pó, se acabar

No tempo que suas formas elimina.

De pedra, gesso ou lama, no altar,

Depondo forma humana ou divina,

Com o mesmo barro quer se eternizar.

( Prêmio Troféu Chave de Prata pelo 2º lugar no IV Festival de Sonetos “Chave de Ouro”, promovido em nível nacional, em 2010, pela Academia Jacarehyense de Letras, de Jacareí – SP)

Gerson Silvestre
Enviado por Gerson Silvestre em 20/03/2011
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