BARROCO
Imerso em seu fazer, o escultor
Trabalha com denodo, enforma argila,
Erige estátua em barro e nela asila
O outro ser, sem vida, sem calor.
Do barro de que é feito (e que o avila)
Faz cópia, semelhante em forma e cor,
Que em dura consistência quer se opor
Ao tempo em que a matriz já se aniquila.
Reage, assim, o homem à dura sina
De retornar ao pó, se acabar
No tempo que suas formas elimina.
De pedra, gesso ou lama, no altar,
Depondo forma humana ou divina,
Com o mesmo barro quer se eternizar.
( Prêmio Troféu Chave de Prata pelo 2º lugar no IV Festival de Sonetos “Chave de Ouro”, promovido em nível nacional, em 2010, pela Academia Jacarehyense de Letras, de Jacareí – SP)