Non bis in idem
Não pode o julgador em dobro impor a pena,
Se o crime cometido enseja um só delito.
Legítimo será se aquele que condena
Aplica na sentença um código prescrito.
Ainda seja o réu autor de brutal cena,
De hediondo, torpe e exacerbado rito,
A Lei, conquanto aos olhos nos pareça amena,
A ele há de infligir somente um veredito.
Então, por que retornas hoje à escura cela
Deste abandono onde confinas um inocente
A quem condenas ao desprezo sem apelo?
Será que queres demonstrar que estás mais bela
E duplicar no condenado a dor que sente,
Ou teu desejo (inconfessável) é só revê-lo?