IPÊ

Finda agosto: a primavera se anuncia.

Ao longe vejo, solitário na campina,

O mesmo ipê, que todo ano se ilumina,

Tão amarelo e ofuscante à luz do dia.

Mal se reveste e já se despe a ramaria.

É quando o vento implacável em ferina

Arremetida vem e a flora elimina.

E me entristece que se acabe... Mal surgia!

Enquanto vejo o que restou da floração,

Eis que o ipê põe-se a falar-me ao coração

(Onde, faz tempo, não perduram alegrias).

E, zombeteiro, diz: “Iguala-nos a Sorte;

Em ti também ao Riso segue um Vento Norte,

Tal como ocorre às minhas flores fugidias”.

Gerson Silvestre
Enviado por Gerson Silvestre em 19/03/2011
Reeditado em 17/08/2014
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