IPÊ
Finda agosto: a primavera se anuncia.
Ao longe vejo, solitário na campina,
O mesmo ipê, que todo ano se ilumina,
Tão amarelo e ofuscante à luz do dia.
Mal se reveste e já se despe a ramaria.
É quando o vento implacável em ferina
Arremetida vem e a flora elimina.
E me entristece que se acabe... Mal surgia!
Enquanto vejo o que restou da floração,
Eis que o ipê põe-se a falar-me ao coração
(Onde, faz tempo, não perduram alegrias).
E, zombeteiro, diz: “Iguala-nos a Sorte;
Em ti também ao Riso segue um Vento Norte,
Tal como ocorre às minhas flores fugidias”.