NAU DOS SONHOS
NAU DOS SONHOS
Colhendo méis da taça dos teus róseos lábios
as melaninas, que são teus olhos, burilo;
na vanguarda a recepcionar-me, os mamilos,
quando meus braços sequestram teu corpo no átrio.
Mordisco os lábios carnudos em alto estilo;
invento carinhos que tiro do alfarrábio,
que guardei só pra ti nos momentos mais sábios;
feliz quero te ver, que não haja vacilo.
Só em pensar em ti sinto o alucinante cheiro,
que em suaves ondas emana do teu corpo.
Sinto-me másculo, feliz e sobranceiro.
Mas quando estás longe como agora, o próprio orco,
faz-me sentir o meu momento derradeiro;
é quando ancoro a nau dos sonhos em teu porto.
Afonso Martini
180311