DE QUEM VERDADEIRAMENTE AMOU
Percorre a sala um cheiro acre de bebida.
Apuro a escuta: Dizem algo à minha volta.
Dois seres falam – são pessoas que a revolta
Do amor passado não seguram escondida.
Um deles ouço (Quanta mágoa ressentida!)
Dizer a dor que a embriaguez agora solta.
Junta as palavras num discurso e nele escolta
Com o rancor a ausência da mulher querida.
Fala o outro (Qual! Apenas balbucia).
Entre soluços, cita um fato... certo dia...
Perde as palavras; tem a voz interrompida.
Ah! Indiscreto, eu quis julgá-los: Indeciso,
Quanto ao primeiro não formei certo o juízo,
Mas o segundo, este, sim, amou na vida.