DE QUEM VERDADEIRAMENTE AMOU

Percorre a sala um cheiro acre de bebida.

Apuro a escuta: Dizem algo à minha volta.

Dois seres falam – são pessoas que a revolta

Do amor passado não seguram escondida.

Um deles ouço (Quanta mágoa ressentida!)

Dizer a dor que a embriaguez agora solta.

Junta as palavras num discurso e nele escolta

Com o rancor a ausência da mulher querida.

Fala o outro (Qual! Apenas balbucia).

Entre soluços, cita um fato... certo dia...

Perde as palavras; tem a voz interrompida.

Ah! Indiscreto, eu quis julgá-los: Indeciso,

Quanto ao primeiro não formei certo o juízo,

Mas o segundo, este, sim, amou na vida.

Gerson Silvestre
Enviado por Gerson Silvestre em 18/03/2011
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