"Último Soneto" para lembrar Augusto dos Anjos
São absconsas memórias ancestrais
que constringem-me o encéfalo. Então,
sinto o rudimentarismo do embrião
que germinou em nossos pais seus pais.
E essa obsessiva sucessão de ais
que ardem nossa garganta, ardem em vão;
e vão de geração em geração
a doer sempre e sempre e mais e mais!
O inexorabilíssimo destino
ouço a chamar como se fora um sino
chamando os crentes para a contrição.
E, conquanto no crer inda haja luz,
o fim que nos aguarda se reduz
aos torpes vermes dessa escuridão!