"Último Soneto" para lembrar Augusto dos Anjos

São absconsas memórias ancestrais

que constringem-me o encéfalo. Então,

sinto o rudimentarismo do embrião

que germinou em nossos pais seus pais.

E essa obsessiva sucessão de ais

que ardem nossa garganta, ardem em vão;

e vão de geração em geração

a doer sempre e sempre e mais e mais!

O inexorabilíssimo destino

ouço a chamar como se fora um sino

chamando os crentes para a contrição.

E, conquanto no crer inda haja luz,

o fim que nos aguarda se reduz

aos torpes vermes dessa escuridão!

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 12/03/2011
Reeditado em 02/11/2011
Código do texto: T2842921
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