Régua que me medes saudades

Recebes-me no cais e aberto amplexo

Onde o meu coração ancora à justa,

E se deixar-te em breve já me custa,

Consola-me o perdão do teu reflexo

Em cores que o rio dilui em brilhos,

Apagando uma sombra de saudade

Que perpassa os meus olhos sem vaidade

De ser a mais pródiga dos teus filhos...

Mas maduro é o amor que nos reune

Para cá das agruras do Marão,

No lar onde 'inda acendo o mesmo lume...

E d'ouro é o cordão que nos enlaça -

Gavinha que me faz do coração

Cacho d'uvas que nunca chega a passa.

[à cidade princesa do Douro (Peso da Régua), onde me moram saudades, agora que desci com o rio até à foz (Porto)...]