" Tenho Sonhos Cruéis N' Alma Doente

Tenho sonhos cruéis n'alma doente

Sinto um vago receio prematuro

Vou a medo na aresta do futuro,

Embebido em saudade do presente....

Saudades desta dor que em vão procuro

Do peito afugentar bem rudemente,

Devendo, ao desmaiar sobre o poente,

Cobrir-me o coração d'um véu escuro!...

Porque a dor, esta falta d'harmonia

Toda a luz desgrenhada que alumia

As almas doidamente, o céu d'agora.

Sem ela o coração é quase nada:

Um sol onde expirasse a madrugada,

Porque é só madrugada quando chora."

(Camilo Pessanha)

Américo Paz
Enviado por Américo Paz em 10/03/2011
Código do texto: T2838688
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