SONETO A FLORBELA ESPANCA
Sôfrega madrugada, decrépita fechadura,
insano incômodo a lhe silenciar os versos,
sem o afeto, degenerou-se com barbitúrico;
a vida e a morte incendiaram a clausura.
Florbela murchou silenciosa e solitária.
Amar? Amar indefinidamente, sempre!
Sofrendo a dor latente, gritante, na agrura,
a dor extravasada em amargas palavras.
Obra e vida confundida, exaltada,
a poesia acalentando a alma,
e suas feridas rotuladas em seu livro de mágoas.
Sofrem os amantes desta flor literária,
a dor pungente de escarafunchar teus versos
e silenciar ao rodapé de vossos anelos.