***DOR***

Ah! Quem me dera, ainda em torpor...

Que pudesse eu, nessa dor pavorosa,

Criva-la em espinhos, a funesta rosa,

Qual queima o peito em volátil ardor...

Devolve, em doce calma, este horror...

Pervóla-te a mim maligna, escabrosa,

Revoga-me assim da noite tenebrosa,

Do grito estridente o vaporoso terror...

Ah! Quem me dera, balsâmico frescor...

Que tivesse eu... numa noite deleitosa,

Mesmo entorpecido em sonho, indolor...

Mas o que me resta... é sonho sem cor...

E deste, minha insólita e bizarra prosa,

Sigo convivendo com essa maldita dor...

Valdívio Correia Junior, 04/03/2011