*** nundo hostil ***
MUNDO HOSTIL
Quanta amargura no peito sem acalantos!
A vida fenece; a sina é beligerante.
Nada mais deleita, nem a turba falante
Mil mágoas trituram a alma num peito em prantos.
Cadê o Afonso, rabiscador militante?
Porque calou-se o lirorromântico canto?
O soneto sem musa perdeu todo o encanto
E o poeta enfurna-se em seu eu delirante.
O ar que o vate inala cobra a cor do batismo
se no horizonte a meta vê crua a divisa
pois nato é o estilo da arte do doce lirismo.
Mas a dor só cessa pelo sopro da brisa
Quando o embala suave da musa o carisma
Na alma instala o poeta a sua Monalisa.
Afonso Martini
010211