" Dois Ébrios"

Lembrado aqui o lindo soneto alexandrino do poeta Alceu Wamosy: "Duas Almas". Vou transcrevê-lo, seguido de paródia minha.

DUAS ALMAS

Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,
entra e sob este teto encontrarás carinho;
eu nunca fui amado e vivo tão sozinho,
vives sozinha sempre e nunca foste amada.

A neve anda a branquear lividamente a estrada
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho,
entra, ao menos, até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.

E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
nesta estrada sem fim, imensa e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa.

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha,
há de ficar comigo, uma saudade tua,
hás de levar contigo uma saudade minha!
..............................................................................................

DOIS ÉBRIOS`

Ó tu que vens da rua, ó tu que vens chumbada,
adentra neste bar e encontrarás bom vinho;
sentado neste canto eu bebo tão sozinho,
se bebes quanto eu, serás acompanhada.

A Rota por aí, já faz sua caçada
e junto com bebida eu te darei carinho;
entra, ao menos, até que curvas no caminho
daqui saias fazendo de tão embriagada.

Quando o dono do bar, em bronca já raivosa,
mostrar a mim e a ti, a direção da rua ,
saiamos, sem demora, ó bêbada famosa.

Não seguirei tão só, nem irás tão sozinha,
amparado andarei na companhia tua,
escorada andarás na companhia minha!