Alma Deserta
Alma que pranteia torturada ante a ausência ao afeto,
Pisada pelos desejos impossíveis experimenta o deserto.
Busca no silêncio da cada noite a tola esperança de vida,
Apega-se aos sonhos da distante paixão um dia vivida.
Possuída pela insônia passeia nas muitas valas sem pudor,
Experimenta o sal da lágrima, prova solitária imensa dor.
Revira-se em meio ao pano do lençol frio e desesperador,
Adormece exausta mais um dia anestesiada pelo desamor.
Dias estagnados na ausência da ternura, gélidos tristonhos,
Vazio a permear a vida sofrida para o reverso dos sonhos.
Sobrevive solitária aos solavancos do cotidiano enfadonho.
Alma perdida enveredada nos becos escuros, não mais pensa,
Riso plástico e robótico, próprio de quem perdeu a crença,
Vida nula, arquivada em meio às dores tristes da indiferença.
(Ana Stoppa)