Navio fantasma.
As nuvens debruçadas na distância,
quietas, ouvindo os recitais dos ventos
que assobiam oceanos de lamentos
inaugurados com pompa e circunstância,
são as horas exaustas de passado,
a umidade e o musgo desse muro
das nostalgias tecidas de futuro
onde repousa meu olhar cansado.
A neblina bate nos meus ombros
apreensões de sustos e assombros.
Viver não é preciso; é preciso navegar.
E eu que tenho vivido a vida a esmo,
teimosamente vou singrando o mar,
como um navio fantasma de mim mesmo.