Crepúsculo
Sol que desaba nos galhos do ipê amarelo florido
Sinais de agosto vermelho, sorriso que no céu se abre,
Solene hora de silêncio que os seres conservam contidos
Linha horizontal que divide os traços da divina arte.
E o céu se torna pesado como idéia de um dia ser morto
Sol e lua resistem na luta, coexistem num plano suspensos,
E a noite absorve os astros que dançam balé absorto
Exalam perfume de ócio, fragrância intensa de incensos.
Soa voz veluda e violão fugídio em píncaro de escola
Serenata em soneto que sinto, gela quente coisa bela
Face branca: se alegre acalma, se triste do olho sai pérola.
Devora o azul num crepúsculo, pincelada que finda a tela
Sinto esbulho da melancolia, me abandono e desfaleço
E de recordar o presente, passado e futuro esqueço.