Soneto da Angústia Reprimida
Como uma folha seca ao vento
Sem rumo e sem direção
Sou uma borboleta de asas cortadas
Sigo caminhos na contra mão
Como aquela que se atira na noite
Sinto meu corpo não me pertencer
Inconstante, desatina, sem açoite
Sem valor, sem glória, sem poder
Não me obedeço, não me acho, não me guio
Sou um cão de rua sem dono
Sou um bandido nas calçadas, no frio
Não tenho honra, tudo abandono
Por dentro em mim só há vazio
Só mereço dormir, no eterno sono...